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Cansada

Ontem à tarde fui a Lisboa passar a tarde com a Carla e andámos às voltas pela baixa durante horas. Hoje acordei completamente partida, como se tivesse passado o dia anterior no ginásio. É uma junção de factores. Por um lado estou obviamente em baixo de forma, mas geralmente andar duas ou três horas não me custa nada. Só que a gravidez também reduz bastante o nível de energia e aumenta a temperatura corporal, por isso farto-me de suar e fico desidratada mais depressa. E em cima disso ando há dias chei de dores no pescoço e no ombro direito ao ponto de não conseguir virar a cabeça. Passar um dia inteiro fora de casa com esta tensão involuntária nos ombros, ainda por cima a carregar sacos, não ajudou nada.

Por isso hoje acordei a sentir-me extremamente cansada e a desejar mais umas horinhas de sono, mas como começou às oito e meia o som de uma serra eléctrica na casa do lado, dormir tornou-se uma impossibilidade. Normalmente o que faço é colocar tampões nos ouvidos e ignorar, mas como estava à espera de uma entrega a partir das dez, tinha receio de adormecer e não acordar a tempo ou ouvir a campainha. Por isso levantei-me e fui arrumar a casa, sentindo que esta semana estou a viver ao lado de uma serração.

Mesmo assim é melhor que o monstro assobiante, que é um gajo que passa o tempo a assobiar o mesmo loop de três ou quatro notas, horas a fio e que me acorda o instinto mais violento que alguma vez tive.

E o pior é que não são só os tipos das obras. Os nossos novos vizinhos são uns labregos e fazem tanto barulho como os gajos que contrataram. E têm a mesma incapacidade de utilizar uma porta – não são capazes de fechar a porta porque têm medo de não a conseguir abrir outra vez, coitados. Preferem então passar o tempo aos berros, alegremente, com um eco brutal na escada. O Pedro já teve que ir lá gritar com eles um destes fins de semana. É claro que foi completamente ignorado, como seria de esperar de gente sem um pingo de consideração pelas pobres criaturas que têm o azar de viver num raio de 20 km de suas altezas. Às vezes tenho pena que matar vizinhos seja considerado crime. Devia andar mais a par com exterminar baratas. É uma questão territorial. Acho que os seres humanos não foram feitos para viver tão perto uns dos outros.

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2 Comments

  1. conchita says:

    Infelizmente, concordo plenamente, lidar com o povão é fogo!!

  2. sempre fui bichinho de apartamento, passei quase toda a minha vida colada aos vizinhos e a saber-lhes a vida que não tentam ou não conseguem esconder. E tenho sempre uma sorte!
    Vivo há uns meses numa nova casa e é horrível. Os vizinhos debaixo mudam de 3 em 3 meses, mas parece que se conhecem todos uns aos outros tal é o volume do basqueiro que todos individualmente fazem; desde desavenças conjugais a presumíveis maus tratos a crianças há de quase tudo, mas ai de quem se atreva a fazer barulho que eles chamam logo a autoridade. Os do lado têm sempre festança às quartas à noite. E que festança!!
    Por isso cada vez mais sou adepta de uma casa no meio do nada com muito espaço, muito silêncio e sobretudo muita liberdade!

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