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Farta da crise

Estou farta da conversa da crise. Estou farta de ter a vida completamente lixada por causa de uma cambada de incompetentes que nem são capazes de gerir um orçamento doméstico quanto mais um paà­s, apesar de muitos terem curso de economia. Estou farta de polà­ticos a defender leis que não fazem sentido nenhum porque não percebem minimamente do que estão a falar – ver a história da PL118 e afins. Estou farta de aumentos constantes de impostos e taxas aqui e ali, sempre aos mesmos, que estão a destruir ainda mais a economia, numa tentativa vã de cobrir o buraco criado pelos acima referidos incompetentes ao longo das últimas décadas.

Toda a gente gosta de culpar o Sócrates. Eu percebo porquê – o gajo é altamente arrogante e aquele ar superior irrita as pessoas. O facto de ter passado o tempo todo a dizer que estava a resolver a situação enquanto o buraco abria cada vez mais também não ajudou. Mas faz-me impressão como a memória da população é tão curta ou a falta de interesse tão pequena que acreditem que a situação actual se possa dever inteiramente ao governo anterior. O problema começou com o Cavaco como primeiro ministro que esbanjou rios de dinheiro e ninguém se lembra ao ponto de elegerem o gajo uns anos mais tarde para Presidente – e depois voltarem a eleger. Que população tão parvinha que nós temos. É mesmo caso para dizer que temos os lideres que merecemos senão tinham mandado o gajo para casa com o rabo entre as pernas com a mensagem clara ‘já estragaste o que podias, não te queremos cá mais’.

Será que ninguém vê que a governação do nosso paà­s é feita pelos mesmos gajos, rotativamente, desde que acabou a ditadura? Se já desapareceram alguns foi porque morreram de velhos ou reformaram-se, senão ainda estavam agarrados ao tacho. É que nem os que são claramente criminosos são impedidos de se voltar a candidatar e ser eleitos para novos cargos polà­ticos. Como é que isto é sequer possível!

Governar um paà­s é uma tarefa difà­cil. É um trabalho chato e ingrato e nunca se consegue agradar a toda a gente. Logo, a maioria das  pessoas decentes e inteligentes não querem ir para uma carreira polà­tica. Para quê? Para se estarem sempre a chatear e a ser insultados? Quem é que tem paciência para isso? É simples. Os gajos que querem dinheiro e poder acima de tudo o resto. Para esses, governar um paà­s é uma delà­cia, especialmente em paà­ses como Portugal em que o assassinato polà­tico não passa de uma fantasia ocasional em conversas de café.

Desviar uns fundozitos, dar trabalho aos amigos e fazer passar leis que facilitem a roubalheira mesmo depois de saà­rem dos cargos que ocupam é a principal função dos polà­ticos. Depois constroem umas rotundas para calar a malta e poderem falar de obras públicas e ninguém abre o bico. E reclamar para quê? Não há alternativas no actual sistema. Os partidos são sempre os mesmos e não representam ninguém a não ser eles próprios. Vamos votar em quem?

E entretanto as empresas pequenas vão à  falência porque não conseguem ter trabalho a um preço minimamente justo e vai tudo para os impostos – o PEC continua-me atravessado – as empresas grandes não contratam mais ninguém e a maior parte dos empregados que têm é a recibos verdes e a ganhar mal. As pessoas não têm emprego ou são mal pagas, as que estão a recibos verdes, apesar de estarem efectivamente a trabalhar por conta de outrem, largam grande parte em impostos e segurança social mas depois não têm direito a subsidio de desemprego, nem maternidade, nem doença, nem férias nem porra nenhuma. O IVA aumenta nos bens essenciais e o dinheiro da população em geral deixa de ser suficiente para pagar as mesmas despesas que tinha há um ano atrás.

Cá em casa aguentámos os últimos cinco anos sem grandes problemas. O dinheiro não dava para grandes luxos mas como não à­amos de férias para lado nenhum sempre dava para poupar algum ocasionalmente. Neste ultimo ano, apesar de termos feito muito bem as contas, acabou-se. Não só deixámos de conseguir poupar um tostão que seja como passámos a gastar mais do que o dinheiro que entra mensalmente. O que eu ganho é pouco e irregular e sinto que preciso de arranjar um emprego mais estável mas a minha profissão não é geralmente bem paga e não encontro nada que pague sequer perto do necessário para cobrir os custos de ir trabalhar  – transportes, almoços, etc – e que ainda sobre o suficiente para cobrir o nosso buraco orçamental. Já para não falar no facto de ir piorar o nà­vel de vida dos meus filhos que não têm culpa nenhuma e que vão passar a ter de ficar na escola até à s 8 da noite ou mudar para uma escola diferente que não seja tão cara onde terão de se adaptar novamente e perder os amigos que já têm.

Começa a apetecer ir buscar a caçadeira mas nem saberia por onde começar.

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8 Comments

  1. “Toda a gente gosta de culpar o Sócrates. Eu percebo porquê – o gajo é altamente arrogante e aquele ar superior irrita as pessoas.” E começar a culpá-lo por incompetência, nepotismo, propagandismo…?

  2. Ao menos têm um ASX e uma Penthouse

  3. Ze Tolas says:

    Como dizia o outro:

    “vai mas é trabalhar pá!…”

  4. Como eu a compreendo! E o pior é que ainda não batemos no fundo…

  5. P.A.: “E começar a culpá-lo por incompetência, nepotismo, propagandismo…?”
    Acho que a frase seguinte se referia precisamente a essas falhas ou a ida aos comentários foi mais forte? Não fui suficientemente venenosa, é?

    Ze Tolas: Já cá faltava um comentário destes, claro. Mas com um nome destes não é de espantar. E essa fartura de trabalho onde é que anda exactamente?
    Não te preocupes que não vou ficar de braços cruzados. Apesar de ficar desempregada não me inscrevi no desemprego sequer portanto não estou a viver às custas dos impostos de ninguém. Não vejo como é que tentar ter a vida que quero em vez de me render a lavar sanitas depois de passar anos a estudar e a especializar-me nas áreas em que tenho aptidões e em que gosto de trabalhar possa ser tão ofensivo.

  6. Que bom que é haver pessoas que partilham partes da sua vida na net, como a casa que compraram e respectivas obras ou o carro que têm para os cobardolas poderem mandar as bojardas e sentirem-se machos.

    Devia ser considerado serviço público.

  7. Long live the trolls says:

    Long life for the trolls, and go for the shotgun Dee!!

  8. “Ao menos têm um ASX e uma Penthouse”… for reals!? Só isto? Perante tanto pano para mangas isto é tudo o que uma alma se lembra de escrever???

    Zé Tolas? Existem gajos chamados Zé Tolas???? Ah! Percebi. Foi alcunha que te puseram quando nasceste e deste com a tola no chão do bloco de partos!

    Haja paciência. O post já o comentei no facebook, Dee. Mas não resisti a tanta ignorância… shame on me.

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