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É o país que temos

É preciso lidar com muita gente reles cada vez que nos atrevemos a sair de casa. Hoje de manhã saí com o Tiago e dei com uma carrinha estacionada na zona mais estreita do passeio que conseguiu encontrar, bloqueando a passagem. Fiz aquilo que tenho feito sempre que dou com uma situação destas que é perguntar ‘não podia arranjar outro sítio para estacionar? Já viu que assim está a bloquear a passagem?’. E até sugeri que se estacionasse cinco metros à frente, depois da passadeira, já não bloqueava a passagem dos peões.

Sinto que é o meu dever cívico chamar a atenção a estacionadores distraídos que aparentemente ainda não se aperceberam que o mundo não é só deles e o facto de acharem que têm de estacionar exactamente à porta do sítio onde querem ir porque ter de andar dois metros é quase um crime, independentemente do caos que isso provoque a quem tem de passar por ali, não é um argumento válido.

A carrinha de hoje tinha a agravante de pertencer à Camara Municipal visto que estava a descarregar materiais para a pintura dos muros da cidade. Acho que a pintura é uma coisa válida e sou completamente a favor de fazer a cidade mais bonita mas não acho que o facto de estas pessoas estarem a fazer o seu trabalho seja desculpa para ignorar todas as regras de transito, estacionamento e educação que lhes apetece só porque ‘estão a trabalhar’. Então e as pessoas que eles incomodam pelo caminho são menos importantes? E desde quando é que é aceitável para os funcionários da câmara insultarem os cidadãos quando estes lhes chamam a atenção para o facto de estarem a comportar-se de forma pouco cívica?

Sim, porque a resposta deste condutor foi logo dizer que eu (e aparentemente outros como eu pelo que me pareceu que não será a primeira vez que alguém lhe chama a atenção) somos todos uns egoístas e só pensamos em nós próprios. É o que se chama ‘projecção’. Ele pegou no que eu lhe estava a dizer e disse-o de volta de forma menos civilizada, fazendo-se ele de vítima inocente, negando sempre que fez algo de errado. Como é que é possível viver nesta negação absoluta?

E como é possível acusar-me de egoísmo quando eu é que tenho que por em risco a vida do meu filho por culpa dele, ao ter de passar pela estrada em vez de pelo passeio onde deveria ir? É que ali nem sequer havia uma passadeira onde eu pudesse atravessar em segurança.

Como penso que os funcionários públicos têm obrigação de se comportar no mínimo de forma educada, resolvi escrever uma cartinha à camara municipal, que será provavelmente ignorada, como é costume, mas paciencia. Sinto que é importante os Portugueses começarem a reclamar quando é caso disso, mesmo em assuntos considerados ‘menores’. Acho que se fosse uma prática comum, mais tarde ou mais cedo os diversos serviços públicos seriam obrigados a começar a prestar um pouco mais de atenção à forma como fazem as coisas.
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Caros Srs,

Esta manhã, indo a passar a pé na rua D. Sancho I empurrando o carrinho de bebé do meu filho, deparei-me com uma carrinha estacionada no passeio, na zona mais estreita que fica em frente do estádio do Beira Mar. Esta carrinha estava a descarregar materiais para a pintura dos muros da zona pelo que depreendo que pertence à Camara Municipal.

Quando perguntei ao condutor se não conseguia arranjar um sítio melhor para estacionar porque ali estava a bloquear a passagem dos peões, sugerindo até que o podia fazer cinco metros à frente, depois da passadeira, numa zona em que o passeio era mais largo e que já não bloqueava a passagem, a resposta do senhor foi partir para o insulto dizendo que pessoas como eu são egoístas e só pensam nelas próprias.

Independentemente do absurdo do comentário que demonstra um grande narcisismo por parte do vosso condutor e a típica atitude ‘estou a trabalhar por isso faço o que quero’, a minha questão é a seguinte:

Acham aceitável que os veículos da camara municipal não respeitem as regras de trânsito e de estacionamento e que os seus empregados se comportem sem um mínimo de civilidade? Não acham que deveriam precisamente dar o exemplo e que deveriam educar os vossos empregados de forma a causarem menos e não mais problemas de circulação na cidade?

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2 Comments

  1. O costume… acho que devias mesmo ter tirado a matrícula ou qualquer outra identificação da carrinha para juntar à carta.

  2. A propósito do problema que refere existe um blog exclusivamente dedicado a ele. http://www.passeiolivre.blogspot.com

    Fornecem-se autocolantes gratuitamente (+ portes) a quem os encomendar por e-mail.

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