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Os fumadores são de facto uma espécie à parte

Aqui estou eu de volta ao assunto do incómodo que são os fumadores. Tudo porque um dia me saltou a tampa e deixei verter toda a raiva acumulada contra essa peste da humanidade que são individuos com a mania que o seu vício é mais importante do que tudo o resto. Ainda hoje, passados dois anos, continuo a receber comentários indignados e principalmente muitos insultos de fumadores, coitadinhos, de quem ninguém pode dizer mal. Porque são uns oprimidos que gostam muito de dizer que quem está mal muda-se, e que até pertencem àquele grupo de fumadores que são muito educados e se preocupa com se incomoda os outros etc e tal. Nunca li tantas mentiras de seguida e muitas vezes os comentários são tão extensos e tão self-righteous que nem tenho paciencia para aturar aquilo tudo. É um bocado como ter testemunhas de jeová constantemente a bater à porta a pregar como os fumadores até são gajos porreiros e lhes devia dar uma hipótese que isso iria mudar o mundo.

E depois há os simples ´porca és tu’ e por aí fora que merecem um sorriso e nada mais. Acho extraordinariamente divertido o facto de as pessoas ficarem tão escamadas por descobrirem que há alguém que não gosta do seu vício. Será que andavam assim tão enganadas? Será que acham mesmo que para o resto do mundo aquilo é simplesmente um hobby inofensivo como fazer puzzles? É que reagem como se eu tivesse publicado uma foto sua com nome e morada e um alvo na testa.

A verdade é que os fumadores são uma praga e odeio-os tanto como odeio ter de pagar IRS. Não se pode fugir mas se arranjasse maneira de acabar com o problema não pensava duas vezes.

Fiquei delirante com o facto de passar a ser proibido fumar em lugares públicos fechados e acho que as esplanadas dos cafés são o próximo lugar a conquistar. Vão fumar para casa e deixem o resto do mundo em paz.

Depois há aqueles que insistem que escrever sobre o assunto é um acto de cobardia e que devia mas era enfrentar o fumador incómodo na altura e estar calada. Acho que depende. Não tenho grande problema em dirigir-me a pessoas que são um incómodo. Sou educada mas nem sempre se obtêm resultados. Há alturas em que digo qualquer coisa e que sou ignorada ou insultada. E como não tenho qualquer espécie de poder para alterar o comportamento da outra pessoa, já que fumar não é ilegal numa série de sítios, não ganho nada com isso a não ser ficar ainda mais irritada e com mais vontade de bater na aventesma.

Por outro lado há alturas em que não fazer nada é de facto um acto de auto-preservação. Por exemplo, quando uma mulher está com uma criança ao colo e o gajo que vai à frente tem 100 kg,  uma suástica tatuada na nuca e nos sopra o fumo para a cara, penso que é uma boa altura para ignorar o assunto e desabafar depois. Se isso é cobardia, paciencia. O que não invalida o desabafo. Este espaço serve para isso, não obrigo ninguém a ler e não peço desculpa pelas minhas opiniões. Não obrigo ninguém a concordar comigo, acho que o politicamente correcto é uma hipocrisia, toda a gente tem preconceitos e ninguém é perfeito. O que não quer dizer que expressar uma opinião com a qual nem toda a gente concorda seja imediatamente sinal de estupidez como alguns fumadores gostam de imaginar. Sim, é verdade – uma pessoa pode ser inteligente, educada na maioria dos casos e mesmo assim sentir uma necessidade extrema de esventrar o gajo que se senta ao seu lado a fumar. Não é ser estúpido, não é falta de civismo. É egoísmo, claro mas é simplesmente humano. Tenho a mesma reacção quando alguém cheira mal e aí todos concordam que de facto a culpa é da pessoa que devia tomar banho mais vezes. É exactamente a mesma coisa.

Eu vivi com fumadores muito tempo. O meu pai fumou durante toda a minha infancia, até parar há uns anos e era geralmente corrido para a varanda porque o ar tornava-se irrespirável. A minha tia também deixou de fumar e recentemente os meus sogros, que defendiam que uma pessoa ou era fumadora ou não era, fizeram o derradeiro esforço e conseguiram parar de fumar.

Todos notaram a diferença e nós também. De repente a casa, a roupa, o cabelo, já não tem aquele cheiro horrível, já não é preciso repintar a casa tantas vezes, têm mais energia. É certo que também se engorda mas fumar por vaidade é apenas mais uma coisa a juntar à lista de defeitos dos fumadores. E é óbvio que custa. O tabaco é uma droga, causa dependencia e tem sintomas de ressaca quando se pára.  Acho que é um bocado por isso que os fumadores se ofendem tão facilmente. No fundo sabem que não têm controlo sobre o seu vício, que é dificil parar e não têm coragem nem força suficiente para o fazer.

E por fim, aqueles que não resistem a vir com a conversa dos nazis, são patéticos. Achar que os fumadores são uma nódoa é ser nazi? É muito triste passar a vida a sentir-se tão perseguidos! Coitadinhos!

São pessoas destas que passam a vida a fumar por escolha própria e depois processam as tabaqueiras quando ficam com cancro. Nunca é nada culpa deles. Os outros é que são todos uns nazis.

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6 Comments

  1. Uau… casa comigo!

  2. Celine says:

    Concordo plenamente.
    O que eu me ri com os coitadinhos dos fumadores a fazerem o seu draminha nas reportagens dos telejornais quando a lei entrou em vigor, cada um com argumentos mais idiotas que o outro.
    Se calhar até lhes fez bem verem-se a si próprios a fazer aquele papel ridículo para terem uma amostra de como são vistos pelas outras pessoas.

  3. Rita says:

    LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLLOLOLOLOLOLOLOLOL!! Mais uma vez me arrancas os pensamentos e tal qual chapa 5 os escreveste tão bem… mais uma vez 🙂
    Ainda assim, e para mim a cena da sala fechada, é insuperável :))))))
    Beijitos

  4. Nem mais, assino por baixo tudo o que escreveste! Acima de tudo, acho que é uma falta de respeito da parte deles, pq fumar é afinal o único vício que prejudica não só quem o tem, como quem está à volta! E isso sim, é egoísmo e falta de consideração/respeito para com os não-fumadores…!

  5. Ricardo says:

    Pena nunca teres dito ao teu pai que era um porco e deveria morrer! Achas que consegues compreender o problema das tuas palavras? Tens todo o direito de não querer respirar fumo que não é teu e ficar chateada quando és desrespeitada. O discurso do ódio é que fica mal. Se eu dissesse que as pessoas que levam as crianças aos restaurantes são umas porcas e deveriam morrer porque os miúdos fazem barulho e estragam o jantar aos outros, acho que também não ias gostar muito. E de facto nem sempre dizemos às pessoas que certos comportamentos são incómodos. Mas também não as insulto. Não sei se estou a explicar-me de forma a que seja compreendido e não mal interpretado como pelos vistos fui. O problema aqui não é por tu não gostares de respirar o fumo dos outros, porque isso é totalmente compreensível e apoiável, mas sim a falta de respeito que demonstras-te. Não te conheço e não podia tar-me mais borrifando para se gostas de fumadores ou não, mas, não por ser fumador, mas sim por ser uma pessoa, gosto que me respeitem. Não estou nem posso defender o vicio de fumar. Como tu dizes podes escrever o que tu quiseres e de facto se achas que o discurso é correcto então não tens de pedir desculpa por absolutamente nada. Pessoalmente peço desculpa, em nome dos fumadores, por todos aqueles que sentes te terem desrespeitado. Fumar foi e é uma escolha pessoal, totalmente consciente das possíveis consequências dessa mesma escolha. Não culpo nada nem ninguém por aquilo que me possa acontecer devido a isso. Assim como todos os doentes com que lido diariamente no Instituto Português de Oncologia do Porto. Um dia destes envio uma foto duns quantos a morrer para vosso gáudio, pode ser? E não te esqueças sempre que escreveres um discurso de ódio (adoraria conhecer todas as coisas que odeias) bloqueia os comentários, porque está visto que gostas de dizer o que dá na telha, mas não vais muito à bola que façam o mesmo a ti.

  6. dee says:

    Ricardo, se achas que aquilo que digo é tão imbecil e ofensivo, porque é que voltas? Parece-me um certo masoquismo. Achas mesmo que eu vou ter uma grande crise de consciencia?

    Aquilo que leio no teu comentário é que as pessoas deviam reprimir as suas emoções negativas, como o ódio, raiva e outras que tais. Não concordo. Acho que é muito mais saudável exprimir esses sentimentos do que deixar o veneno continuar a roer-nos as entranhas. É certo que isso não é muito bem aceite socialmente mas estou mais preocupada com expelir o veneno do que com regras sociais ou se o que digo vai ofender alguém. Não chamei ninguém pelo nome por isso só se ofende quem quer. Aliás, já me insultaram directamente muitas vezes e nunca me ofendi. Ficar ofendido é uma escolha de cada um sobre a qual não tenho o mínimo controlo.

    E de facto podia reprimir tudo o que possa ser considerado antisocial e passar os próximos 10 anos em terapia, mas isto sai mais barato.

    As comparações continuam a falhar o alvo. Primeiro eram os nazis, agora são as crianças. As crianças não fazem nada que não lhes seja absolutamente natural. O hábito de fumar é o mais anti-natural que há. No entanto, eu também acho errado levar crianças muito pequenas para restaurantes, de tal forma que me recusei a fazê-lo durante o primeiro ano de vida do meu filho e desde então só fomos duas ou três vezes. Acho que levar um bebé pequeno para um restaurante é dizer que não se quer desistir das coisas que se tinha antes dos filhos independentemente das consequencias, mas isso é outro assunto.

    E essa dos doentes com cancro é um golpe baixo e irrelevante e levar as coisas a um ponto tão literal que se torna infantil. Se levasse a essa literalidade as vezes que já ouvi um fumador a dizer que matava por um cigarro andava sempre com colete à prova de bala.
    As pessoas morrem. É horrível mas inevitável e natural. Mas não sou eu que os ando a matar, pois não? Ou és uma daquelas pessoas que acredita que quando se diz alguma coisa o universo encarrega-se do resto e por isso eu tenho alguma espécie de culpa cósmica? É que chegando a esse ponto acaba-se mesmo a conversa.
    Há gente a morrer todos os dias sem ter feito nada por isso a não ser estar vivo. Quando contribuem para isso, por fumar, beber ou comer demais, drogarem-se ou qualquer outro excesso, aquilo que penso geralmente é ‘estavam à espera de quê?’

    Se eu quisesse deitar mais lenha para a fogueira, só pelo gozo de provocar, poderia dizer que não faço uma festa cada vez que morre um fumador da mesma forma que não faço uma festa cada vez que mato uma barata, mas isso seria demasiado baixo.
    É obvio que as pessoas têm outras características para além de serem fumadores, mas é o facto de serem fumadores e precisarem desesperadamente de um cigarro que os faz esquecer tudo e todos e é isso que odeio. É assim tão dificil de compreender?

    Achas que mereces ser respeitado por ter um vicio irritante? Eu só respeito pessoas que demonstram merecê-lo.
    Achas que mereces ser respeitado como pessoa independentemente do teu vício? Para isso era preciso que te conhecesse, o que não é o caso pelo que não tenho qualquer tipo de obrigação.

    Não bloqueio os comentários porque controlo aqueles que são publicados. Estou em casa e aqui as regras são minhas.

    E já agora, escreve-se ‘demonstraste’ e não ‘demonstras-te’.

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