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Adeus House

O House era um gato preto que apanhei na rua em 2007, quando estava grávida do Tiago.

O gato estava todo aflito no meio da rua, sem conseguir andar, mas não deixava ninguém aproximar. Como havia mais pessoas de volta do gato, fui a casa a correr buscar umas luvas e uma caixa de transporte e consegui capturá-lo e levá-lo à  veterinária.

Depois de RX e análises, concluiu-se que tinha cerca de dois anos e tinha apanhado uma pancada ou sofrido uma queda que resultou numa fractura da bacia, mas não havia grande coisa a fazer a não ser deixá-lo imobilizado numa caixa durante umas semanas e dar-lhe medicação para as dores. Assim se fez.

Com o tempo voltou a andar, apesar de ficar sempre um bocado coxo, daà­ o nome (referencia ao Dr. House interpretado por Hugh Laurie).

Nunca foi gato de colo e não deixava ninguém aproximar, mas também não era agressivo a menos que o tentássemos agarrar. Era sem dúvida um gato traumatizado mas adaptou-se facilmente a viver em casa e era muito meiguinho comigo.

Há uns meses reparei que tinha uma ferida ao lado da boca. Pensei que tivesse sido ele a coçar-se (como não se deixava agarrar sem dentadas, desisti de tentar cortar-lhe as unhas).

Levei-o ao veterinário e tive a má notà­cia de que aquilo parecia ser um tumor. Combinámos fazer cirurgia mas fui logo avisada que havia pouco que se pudesse fazer.

No dia da cirurgia o Dr. Pedro resolveu fazer umas análises pelo facto do gato já ter 15 anos, para não haver mais surpresas. Concluà­u-se que os rins já estavam quase a falhar e por isso a anestesia era muito perigosa. Ou seja, a cirurgia era capaz de o matar mais depressa do que o tumor.

Ficámos então assim. O House continuou a sua vida normal. Sabia que não ia durar muito mas não parecia ter dores, continuava a comer e a procurar companhia, até ao final desta semana.

Ontem à  noite pareceu-nos que ele estava a ver mal. Hoje ouvi uma coisa a cair e quando fui ver o que era dei com ele enrolado no fim de uma das colunas de som da sala. Estava com dificuldade em mexer-se e a única coisa que conseguia fazer era dar voltas sobre si mesmo, enrolando-se ainda mais. Lá consegui soltá-lo, levando vários arranhões daquelas unhas afiadas e percebi que ele não estava nada bem. Tinha uma pupila dilatada e outra contraà­da e não conseguia mexer um lado do corpo. Tinha todos os sinais de um AVC ou algo semelhante.

Levei-o ao hospital veterinário mas não havia nada a fazer. O tumor tinha crescido e estava a afectar o cérebro. Ele só se queixava e não tinha coordenação, não se punha em pé. Enfim. Fiquei com ele até ao fim e vou ter muitas saudades mas pelo menos fico feliz pelo sofrimento ter sido de pouco duração.

Adeus gato lindo. Gostei muito da tua companhia durante todos estes anos.

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