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Ansiedade

Há mais de dois anos escrevi um post sobre como vivo com ansiedade constante. Não o tipo de ansiedade normal que ocorre quando acontece algo inesperado e que toda a gente tem mas a ansiedade sem causa aparente que não nos larga, que nunca passa e que me transformava numa pessoa horrà­vel. Ficava irritada, gritava, só me apetecia fugir, e depois sentia-me super mal por ser uma pessoa tão má.

Passei a vida inteira a lidar com isto e a achar que não havia nada a fazer, que era eu que estava a ser parva e se fizesse um esforço conseguia melhorar. Por causa disso, e porque os problemas psicológicos e mentais são geralmente menosprezados, só recentemente é que procurei tratamento. No meu caso é claramente uma questão genética porque tanto o meu pai como o meu irmão, e agora o meu filho, sofrem do mesmo mal.

Um bocado a medo falei com a média de famà­lia, à  espera que ela me dissesse aquilo que sempre ouvi, que isso era normal, que estava a exagerar, que toda a gente fica nevosa, etc. Felizmente não foi o caso e comecei a tomar medicação.

O primeiro mês foi um choque para o sistema e passei o tempo com vontade de dormir mas quando a coisa normalizou e comecei a perceber a diferença, fiquei realmente espantada. Foi como se conseguisse pensar claramente pela primeira vez. Consegui tomar decisões, fazer planos e descontrair pela primeira vez em anos, senão desde sempre.

Ao fim de seis meses tentei parar. Não correu bem. Em pouco tempo senti voltar tudo ao mesmo, e depois de viver aqueles meses de paz era violento sentir de novo aquela emoção descontrolada, o medo sem sentido, a irritabilidade constante.

Resolvi continuar a medicação e sinto-me muito melhor. Na altura da menstruação fico sempre mais ansiosa por causa das alterações hormonais mas é bastante mais fácil de controlar. Melhor que isso, consegui começar a verbalizar a forma como me sinto e explicar porquê, o que ajuda também aqueles que têm de me aturar.

Este ano tem sido mentalmente violento para todos nós mas é interessante que pessoas como eu e o meu filho, que nos sentimos ansiosas quando temos de enfrentar o mundo exterior, estamos a adaptar-nos muito bem à  nova realidade de estar em casa. Agora tenho de ficar no sí­tio onde me sinto segura? à“ptimo!

Tenho receio é do que vem depois.

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